Aconteceu no dia 18/06 no Salão da Paróquia do Passo Novo, o lançamento do documentário Chão Batido – o resgate de uma história. Esse documentário foi pensado e criado por Merlen Alves, professora, escritora e ativista cultural que reside em Alegrete.
Merlen conta que sempre quis escrever sobre o Chão batido, salão de bailes criado por seus avós, Euclides Alves da Silva e Maria Bitencourt Alves, mas que não tinha muita informação que gerasse um livro. Viu uma oportunidade quando abriu o edital da Semana da Arte e Cultura de Alegrete, onde se aventurou a escrever o projeto como obra cinematográfica. Para isso contou com dois amigos na produção: Alisson Machado, assessor de comunicação na prefeitura de Alegrete e videomaker, e Paulo Amaral, professor de história e agente cultural do SESC.
Sabemos que em um passado não muito distante, negros não eram bem vindos em CTG’s ou clubes sociais por causa do preconceito racial. Essa segregação ocasionou a criação de vários espaços culturais para que um povo estigmatizado por causa de sua cor pudesse confraternizar com os seus. No Passo Novo, não foi muito diferente e Merlen quis contar essa história por meio do documentário. Ela conta que visava desde o início que o Chão Batido fosse reconhecido não apenas como um salão de bailes onde muita gente passou, mas sim como um local cultural de resistência de povos negros, que precisaram criar seu espaço para poderem confraternizar com a família. O local acolhedor, criado por uma família muito estimada, colecionou muitas histórias, sem distinção de cor, raça, etnia ou classe social e é com esse documentário que Merlen e sua equipe pretendem reviver (e quem sabe, reerguer) o Chão Batido.
Merlen saiu do Passo Novo aos 3 anos de idade, adotada por outra família, e para contar essa história recorreu a antigos moradores do Passo Novo e frequentadores do Chão Batido, como por exemplo, Luís Carlos Mosselin, um dos entrevistados. A fim de dar a versão da família, foram entrevistados o Márcio André Bitencourt Alves e o Adão Bitencourt Alves, tios de Merlen, que emocionados contaram como o Chão Batido surgiu e se tornou tão querido por muita gente. Para ter o embasamento histórico, foi convidado o professor e educador social Jorge Sitó, trazendo questões relevantes para reflexão.
Merlen ressalta que esse projeto fez parte da Semana da Arte e Cultura de Alegrete, organizada pela Unipampa, sendo um projeto pensado pelo Coletivo Multicultural de Alegrete com a parceria da Deputada Federal Fernanda Melchiona.
No facebook pessoal de Merlen Alves podem ser conferidas algumas fotos.
A trilha sonora ficou por conta de Moacyr Severo, com a música Meu Passo Novo.
O documentário está postado nas redes sociais, e no YouTube, no link: https://youtu.be/u-_I-Y0mIeY
